Uma Segunda Chance: Capitulo I
Estava na aula de História quando fui chamada á sala do diretor. Achei muito estranho, sempre fui uma aluna bem comportada e com excelentes
notas, portanto não fazia ideia do que o diretor tinha de tão importante para me dizer. Será que era alguma coisa relacionada com a minha irmã? A Susana é a minha irmã mais nova tem sete anos e sempre foi lindíssima. Toda a gente se encantava com ela, cabelos louros e ondulados, uns grandes olhos castanhos esverdeados e pálida, mas normalmente tinha sempre as bochechas rosadas, exepto quando está doente. Passou-se imensas coisas pela cabeça enquanto caminhava o com a D. Jurtudes extenso corredor do Colégio, onde a maior parte dos alunos se encontravam para conversar ou na maioria deles trocar os cadernos para a aula seguinte. Pois o corredor tinha cacifos de ambos os lados e um painel grande no centro para afixar informações importantes. Ao fim do corredor ficava a sala do diretor, a D. Jurtudes abriu a porta.
_ Está aqui a menina Matilde Lourenço
_ Mande-a entrar por favor. – Ouvi a voz grave do diretor do lado de dentro
da sala. A D. Jurtudes fez sinal para eu entrar, dirigi-me delicadamente para a cadeira em frente á secretária e sentei-me.
_ Vou deixar-vos a sós, com a sua licença Dr. Lúcio. – E antes de fechar a porta atras de si, brindou-me com o seu sorriso amável.
_ O que o Senhor Diretor deseja falar comigo? É sobre a minha irmã? O que foi que a Susana fez desta vez?
_ Calma Matilde, está tudo bem com ela. O assunto que te trouxe aqui é mais delicado, nem sei como dizer-lho.
– Mas que raio seria? Agora estava a ficar preocupada, fiz-lhe sinal para que continuasse.
_ Então é assim Matilde…
– Fez uma pausa breve respirou fundo e … – A tua mãe sofreu um fatal acidente de viação e infelizmente não conseguiu resistir aos ferimentos. –
Aquela última frase esfaqueou o meu coração, senti as lágrimas a invadir o meu rosto que provavelmente estaria pálido de horror. Não conseguia reagir nem pensar em mais nada a não ser na minha querida mãe.
_ Eu sei que custa muito perder uma mãe minha querida, e peço desculpa se irei exigir mais de ti agora. A tua irmã ainda não sabe da notícia. Queres ser
tu a falar com ela? – Pois é, a minha irmã agora precisava mais de mim que nunca, e como é que eu iria dizer á minha pequenina que ficamos sozinhas? Mas
preferia ser eu a contar-lhe.
_ E.. eu… eu fal… falo com ela… – gaguejei por entre lágrimas, doía tanto, acho que nunca tinha sentido uma dor tão agoniante. Tinha ficado completamente
despedaçada. Senti uma carícia nos meus cabelos logos e castanhos, levantei a cabeça e vi a Dona Jurtudes com um copo de água na mão. Tentei em vão dizer
obrigada ou soltar um sorriso de agradecimento.
E agora? O que iria acontecer a mim e á minha irmã? Há anos que não tinha notícias do meu pai, ele deixou-nos quando a Susana acabara de nascer. Ele
sempre fora um viciado no casino, lembrava-me vagamente das discursões que a minha mãe tinha com ele por causa disso.
_ Minha querida peço que te acalmes e me ouças por uns instantes é muito importante. – Acenei com a cabeça, era tudo o que conseguia fazer naquele
momento. – Tens alguma ideia de onde possa estar o vosso pai ou tens alguns contactos de alguns familiares a quem possamos contactar? Como sabes vocês são menores precisam de algum responsável. – Respirei fundo, engoli as lágrimas e esforcei-me para conseguir falar.
_ Não, não faço ideia de onde anda o meu pai. Desde que ele partiu que nunca mais tivemos notícias dele. E nunca conheci a família do meu pai. A minha mãe
era única filha e os meus avós maternos já faleceram também. – Assoei-me, estava realmente ranhosa.
_ As assistentes sociais irão aparecer aqui daqui a pouco com notícias dos teus familiares. Eu também já tinha falado da vossa situação familiar. Agora
peço que vás lá fora respirar, acalmar, leva o tempo que precisares. Depois eu digo a alguém para te chamar, quero que estejas presente quando as assistentes
chegarem. – Acenei novamente com a cabeça e saí da sala do diretor
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