Uma Segunda Chance: Capitulo III
Quando entrei no gabinete do diretor já lá estavam duas senhoras sentadas em frente á secretária. Pedi licença e sentei-me na cadeira mais á direita que estava vazia. Sentia-me bastante nervosa, toda aquela situação era diferente e estranha para mi. Mas tinha de por uma postura forte e responsável, não queria que as assistentes socias pensassem que era uma menininha de 16 mimada e irresponsável.
_ Ola de novo Matilde, espero que estejas mais calma e pronta para conversar. – Acenei com a cabeça e sem desviar o olhar do diretor. – Estas senhoras são
assistentes socias, co mo já te tinha dito que vinham. Esta senhora é a Dra. Elsa Coelho – levantou-se a senhora que estava mais á esquerda da mesa, para me
vir cumprimentar, tinha um ar mais pesado e mais velho que a que estava sentada ao meu lado. Levantei-me também e estiquei o braço para retribuir o cumprimento.
_ E esta senhora é a Dra. Elisabete Faria – e levantou-se a senhora que estava ao meu lado, que já me cumprimentou com um abraço.
_ Os meus sentimentos querida. – E brindou-me um sorriso.
_ Bem continuando, estas senhoras vieram resolver a vossa situação familiar. – Toda eu paralisei, estava com imenso medo do que nos pudesse acontecer.
De irmos para um orfanato, e de me separarem da minha irmã, o desespero voltou a dominar-me e eu nem conseguia reagir. Porque é que teria que acontecer isto
connosco? Porquê?
_ Sim o teu diretor já nos tinha explicado ao telefone e nos antes de virmos aqui, fomos nos informar. Para quando viéssemos ter convosco termos alguma para vos dizer. – Ia explicando a Dr. Elsa. – Bem nós tivemos a ver e ao que parece não conseguimos contatar o vosso pai, está sem comunicação nenhuma, não fazemos ideia de onde ele possa estar. Tu sabes de alguma coisa que nos possas dizer? Ou como fazer?
Abanei a cabeça ao mesmo tempo que dizia:
_ Não, não faço ideia. Já há imenso tempo que não falamos com ele, nem ele dá notícias.
_ Pois isso não ajuda mesmo nada, pelo contrário. – Falava agora docemente a Dra.
Elisabete.
E eu só pensava o quanto eu tinha raiva dele por nos ter deixado naquela altura, por ele ser um autêntico viciado, e nem sequer queria saber de nós. As lágrimas
já me corriam no rosto ainda húmido, forcei-me a endireitar a minha postura, puxar os meus longos cabelos castanhos para trás e levantar o rosto, e ouvir a
continuação do discurso da Dra. Elsa
_ Bem mas ainda não há motivos para preocupação. Nós conseguimos contatar a vossa avó paterna, tendo em conta que também já não tem avós maternos nem descendência de tal. E explicamos o que se estava a passar, ela pareceu-nos interessada em tomar conta de vocês.
_ Mas? – Interrompia com o meu nervosismos e com a minha impaciência, mas pela conversa via-se mesmo que vinha ai uma “mas”.
_ Mas claro, ela já tem uma certa idade e não poderá tomar conta de vocês sozinhos, terá que ter o apoio de alguém mais capaz. Ela está a caminho de
Lisboa, vem de Viseu. Nós iremos com certeza falar com ela e muito provavelmente irão ficar com ela até conseguirmos arranjar uma solução. A ti o que te parece
Matilde?
Fiquei baralhada durante alguns segundos, estava a tentar raciocinar tudo o que ela acabara de me contar, e respondi:
_ Bem, parece-me bem, acho eu.
Sim acho que me parecia bem, sempre seria melhor que irmos para um orfanato. Mas quase de certeza que da escola nós sairíamos, então sabendo que a minha avó era de Viseu… o mais certo era mudarmo-nos para lá. Levantaram-se todos, e eu levantei-me com eles, teria agora que aguardar mais alguma coisa. E teria que ir buscar não tarda nada a minha irmã á sala. Mas antes disso teria ainda os meus amigos lá fora á espera e mais outra má notícia para lhes dar.
_ Então terás que aguardar que a tua avó chegue, para podermos resolver o resto das coisas. Agradecia agora que retomasses as tuas ás aulas com
normalidade, sei que será talvez complicado, mas lá terá que ser. A menina sabe que não é permitido andar nos corredores durante as aulas.
_ Sim, claro Sr. diretor. – Bolas, não estava mesmo com pachorra nenhuma para ir para as aulas. Talvez a Patrícia arranjasse uma solução para o nosso
problema. Espera? Nosso problema? Não, o meu problema, não podia desviar os meus amigos, estaria a ser má amiga e má colega.
_ Então até já. – Interrompeu a Dra. Elisabete os meus pensamentos.
_ Ahm… sim, pois. Até já. – E sai da sala do diretor.
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